quinta-feira, 19 de julho de 2018

Fim de Caso, Graham Greene


O livro que terminei de ler, foi indicação de um professor de literatura que sigo no Instagram, o romance foi escrito em 1951 por Graham Greene que tem uma pegada meio mistério, suspense.
Foi uma saga encontrar o livro, já que não tem mais para vender em livrarias, aí recorri a um sebo, e consegui comprar, além de conseguir comprar o livro, conheci um sebo incrível que se chama Sebo Mania de Cultura e Livraria (patrocina eu) em Ribeirão Preto, o sebo é muito organizado, tem filmes, música, livros impecáveis etc.
Estava vindo trabalhar pensando em como começaria a resenha desse livro, como eu iria descrever o amor entre Maurice e Sarah, mas sabe aquela música do Caetano Veloso "nosso estranho amor", se você nunca escutou sugiro que escute, essa música deveria ser tema desse livro.
Já li vários romances, várias histórias de amor, mas essa em especial é de Maurice Bendrix, Sarah Miles e Henry Miles, o triangulo amoroso mais humano e mais bem escrito que já li.
Maurice é um escritor que se apaixona por Sarah que é casada com Henry que trabalha para o governo inglês, apesar de ambos não terem a intenção de se apaixonar o livro começa com Maurice falando do ódio que sente por Sarah e Henry e pelo fim do caso, pela destruição que Sarah o causou, Maurice é um tanto demasiado e humano, é escrito como se eu pudesse ver o tatear dos dedos de Maurice na máquina de escrever.
A cada página era como se eu estivesse sofrendo as dores de Maurice e também de Sarah, se a intenção de Graham era provocar dor no leitor ele conseguiu de forma sutil e sem preocupação de entrar nas dores dos personagens, nos mistérios, na religião, na falta de crença que consistia em cada um deles.
Acredito que o ardente romance de Sarah e Maurice começou desde o primeiro instante em que se virão, Maurice foi conhecer Henry para se inspirar em um dos seus personagens do novo livro, mas não esperava conhecer Sarah que já o conhecia como escritor, mas que o tratou como um ser humano e não como um mero escritor.
Após um tempo juntos, e Sarah provavelmente não iria deixar Henry tão cedo, por questões emocionais e também financeiras já que Maurice ganha menos do que merecia pelas suas publicações, as questões dos ciúmes do amante das obcecações entre outras coisas poderia causar o afastamento da moça, porem em um dos encontros as escondidas, uma bomba nazista cai no apartamento de Maurice, e o atingi dando a entender que ele estava morto.
Sarah que era descrente de religião e divindades, recorre a Deus para salva-lo fazendo uma promessa que mais tarde custaria muito caro cumpri-la, ela prometeria deixar o amante, caso ele vivesse, e ele vive e ela vai embora para sempre.
Com sua fé ou falta de fé Sarah questiona muito a Deus dos porquês da vida, das questões que ela precisou passar na vida, pra que e porque ela deveria passar por tudo aquilo? não seria injusto demais?
Em um dos primeiros capítulos do livro Maurice e Henry se encontra, pois os dois eram bem próximos um do outro, e Henry nunca desconfiou de nada, sempre achou que a relação de Maurice e Sarah era apenas amizade. Nesse encontro Henry declara estar achando Sarah estranha, e a partir daí o marido suspeita de algum amante, menos de Maurice, que até então era ex-amante.
Maurice terrivelmente sofrendo de ódio por ter sido largado e sem saber o real motivo porque foi abandonado pela amante, contrata um detetive particular, desconfiando que ela tenha um novo amante e aí entra a personificação diversas de Sarah e Maurice.
Parkis,o detetive simpatiza-se por Sarah que era um moça intrínseca e rouba o diário dela, descobrindo toda a verdade do possível "amante" que venha ser nada menos mais decepcionante que "Ele' o próprio Deus.
Talvez o final não tenha sido tão feliz, como em outros romances, o ciúme pode ser um obsessão sem fim do personagem ou apenas uma verdade exagerada, mas de uma coisa tenho certeza que Sarah era um ser humano com o coração puro e muito bom, mesmo com o adultério e as mentiras nada poderia tirar a bondade que havia dentro dela.
A história só foi tão real, viva e humanizada porque o próprio escritor Graham Greene viveu um romance avassalador como dos personagens.
Embora tenha amado e deslanchado na leitura, senti falta de algumas descrições físicas dos personagens, mas quem sou eu para indagar Graham Greene?


Uma das versões de Fim de Caso do cinema (Sarah e Maurice).




segunda-feira, 9 de julho de 2018

O Paciente Inglês


Cortar o cabelo é libertador e de alguma forma eu me inspirei em Hana quando ela corta os cabelos em um dos trechos do livro.
Em um domingo de tédio, assisti ao filme ganhador de nove Oscars, "O paciente Inglês."
Pensei que seria só mais um filme, mas quando vi, já tinha me apaixonado pelo paciente inglês.
Comprei o livro e decolei nessa leitura, sem dúvidas não é um livro fácil de se ler, o livro ao contrário do filme é contado às avessas, Michael Ondaatje é uma autor moderno, e as fragmentadas passagens do livro você que tem que ir encaixando no decorrer da leitura, é preciso entrega do leitor para adentrar-se nessa obra.
Situados na Itália em uma Villa no final da segunda guerra mundial, temos Hana a enfermeira, que fica cuidando de um paciente horrivelmente queimado em um acidente aéreo, enquanto vê todos partirem para destinos diferentes pós guerra.
Hana se enterra em seus próprios problemas depois de perder o pai, o namorado e ainda um bebê que estava esperando durante a guerra, e vê o paciente inglês como uma fuga para si, alguém com quem possa cuidar, ouvir e descobrir os seus mistérios por traz daquele rosto desfigurado e queimado.
Em seguida chega Caravaggio um velho amigo do pai de Hanna um espião que teve os polegares cortados quando foi preso, e Kip o sapador e mestre em desarmar bombas deixada pelos nazistas.
Em um único livro é possível encontrar vários mundos, Hana por sua vez canadense, Kip um sikh indiano que usava turbante e tinha pele morena, e o paciente inglês que mais tarde Caravaggio o reconhece e conta a Hana que ele tinha certeza que o paciente inglês não era inglês e sim um Húngaro chamado Almásy que trabalhava para alemães durante a segunda guerra.
Entre uma dose de morfina e outra Almásy conta sobre o romance que teve durante suas expedições com Katharine Clifton, que foi para o deserto junto com o marido Geoffrey Clifton ainda em clima de lua de mel, mesmo tendo evitado esse amor, o homem com os cabelos cor de palha e olhos claros, de alguma forma penetrava o coração da jovem recém casada, um amor doloroso, proibido e que foi vivido, mesmo tendo sido evitado, não foi possível passar por algo tão puro, tão doce e tão sutil como o que um sentia pelo outro.
Se amar é pecado os dois pecaram, ela cometeu o adultério, mas amaram profundamente um ao outro, um amor que chegava a doer.
Katharine, amava Almásy como nunca amou outro homem, como nunca conseguiu amar Clifton, a ponto de quer ser dona dele, de marcar a sua pele como uma propriedade, Almásy que não gostava de posse se viu dela, o tempo inteiro, pensando nela e vivendo para ela.
Em um certo momento eles precisam se afastar e acabar com romance e esse é o meu trecho preferido de todo o livro, de certa forma achei muito romântico:

Agora não há beijos. Só abraço. Ele se desvencilha dos braços dela e se afasta, depois se vira. Ela ainda está lá. Ele volta alguns metros dela, o dedo estendido para frisar uma ideia.
"Só quero que saiba de uma coisa. Ainda não sinto falta você."
(...)
"Mas vai sentir, ela diz."

É um livro repleto de referências, cheio de histórias, pausas, frases desconectas, permite que o leitor preencha algumas lacunas deixadas de forma que a história vai fazendo sentindo no decorrer da leitura, o livro que Almásy carrega com citações de Heródoto é o tempo todo citado no livro, não é um simples livro é uma bíblia de suas expedições no Cairo, com mapas e anotações pessoais.
Michael Ondaatje te adentra a história, de forma que o leitor testemunhe as histórias contadas por cada personagem, como a solidão de cada um e suas inquietações são trazidas para cada parte nos proporcionando viver tudo, sem dúvida esse foi uma das minhas melhores leituras nesse ano.
O final do filme e do livro são diferentes, o livro te deixa lacunas, algo que eu já esperava e não me decepcionei, em certo momento quase no final do livro temos certa tensão, que fiquei até preocupada com algo terrível que poderia acontecer.
O romance entre Hana e Kip, os afrescos italianos, as noites de Caravaggio na janela pensativo, as histórias do paciente inglês, as músicas citadas e dançadas pelos personagens, todas presentes de uma forma linear e fantástica, faz com que o livro seja algo diferente de tudo que já tinha lido.
A cada capitulo pesquisava as referências literárias, lia o livro escutando as músicas citadas, e fui capaz de me apaixonar ainda mais.
O cinema é a uma das maiores obras primas do homem, ele te faz ver exatamente aquilo que você imagina, o filme não decepcionada e vai fundo no romance de Almásy e Katherine, deixando até um pouco de lado a fantástica história de Kip, e de como desarmar uma bomba é mais difícil do que se imagina.
Se alguém tinha dúvida de que todo mundo sabia do romance de Katharine e Almásy menos o marido Geoffrey, ele mostra que um marido traído e furioso é capaz de coisas terríveis, e assim termina o romance, de forma trágica, com a morte de Geoffrey tendo causado a queda do avião com Katherine abordo, frente a Almásy para que ele sofra com a perda da amante, mas ela fica apenas ferida e é levada para um caverna, mas também não resiste, e por fim Almásy também fica à beira da morte e todo desfigurado.
A relação da enfermeira com o homem queimado é revelado no final do livro, ela revela em uma carta para madrasta que o pai havia sido morto, queimado, como Almásy durante a guerra, esse é o refugo de Hana com o paciente inglês, cuidar dele como poderia ter feito com o próprio pai.
Tentei ser o mais transparente e fiel possível ao escrever essa resenha, como me apaixonei muito por Almásy, é possível que eu tenha puxado mais para o lado dele durante a escrita, mas quero deixar claro que é um livro difícil de se ler, um livro para ler com calma e atenção.
Recomendo a leitura e também a assistir ao filme, mas vou deixar bem claro que é possível que você odeie profundamente, ou se apaixone perdidamente assim como eu, é uma história simples, mas com personagens incríveis.
Só não me pergunte porque me apaixonei tanto assim.




O paciente inglês


O paciente inglês


Caravaggio

Kip e Hana

Kip

            Almásy e Katharine 


Hana

    Almásy e Katharine


            Almásy - O paciente inglês


           Katharine


      Almásy 


                       Almásy e Katharine


   Almásy 



            Almásy e Katharine




                         Almásy 


Poster do filme