terça-feira, 19 de junho de 2018

O menino e o vagão


Eu nunca fui no circo, aconteceu alguma coisa na minha infância que me fez ter medo de palhaço.
Vou ser muito sincera se eu soubesse que essa história se passava em um circo não teria comprado o livro, mas geralmente eu compro sem nem ler a sinopse, gosto de comprar apenas pelo título, e foi assim que eu embarquei para uma viagem com o circo sem ao menos saber. (Leia até o final antes de julgar).
A história foi escrita intercalando entre Noa e Astrid, as protagonistas dessa ficção, Noa com 16 anos engravida de um soldado alemão, e por rejeição do pai é expulsa de casa, já Astrid uma mulher experiente que se casou com um soldado alemão.
Apesar de parecer duas histórias distintas, com o desenvolvimento as duas se unem e se tornam muito mais que amigas, se tornam uma família da outra, essa não é uma história com final plenamente feliz, nem um romance com desfecho esperado, é uma história de amor, fidelidade e redenção.
Conforme o avanço da guerra Hitler solicita que soldados alemães que estejam casados com mulheres Judias se separem e todo casamento iria se anular automaticamente, Astrid era de família circense judeu e com essa nova "lei" de Hitler ela retorna a casa de seus pais, que por sinal já não estavam mais lá, e resolve bater na casa de um vizinho também dono de circo que até então era um concorrente de sua família, o Herr Neuhoff que não só a acolhe como também a esconde dos nazistas e lhe devolve o talento nato de trapezista.
Noa, dá a luz ao bebê que é tomado pelo Reich, pelo fato de ser mãe solteira e desamparada e sem muita escolha parte do hospital sem a criança e vai morar em uma estação para ir levando sua vidinha, porém encontra um vagão repleto de bebês, a maioria sem vida, mas algo muda sua vida para sempre, ela encontra um bebê menino ainda com vida, com muito frio e fome, sem pensar duas vezes ela o acolhe em seus braços, durante a leitura eu me peguei pensando, que corajosa, não pôde ficar com o seu bebê, mas está salvando outro.
Peter era um dos palhaços do circo que começou a namorar Astrid, apesar dela ser bem firme em relação aos homens, Peter tirou a sorte grande e arrebatou o coração da moça.
Noa foge com o bebê, antes que alguém perceba ela já estava longe, andou muito e percorreu vários quilômetros carregando o bebê no colo, por sorte Peter o palhaço a encontra e por ter um coração bondoso a leva para o circo imediatamente, durante essa parte foram intercalados os pontos de vistas das protagonistas, algo que eu achei muito inteligente e me fez não desgrudar das páginas tão cedo.
Logo Herr Neuhoff com o seu enorme coração ampara Noa e dá a ela a chance de sobrevivência juntamente com o bebê, mas com uma missão de se apresentar no trapézio juntamente com Astrid.
No desenrolar da trama, pesquisei vários vídeos no Youtube de trapezistas e circos, pois como mencionei no início eu nunca fui no circo e apesar de já ter assistido na televisão, quis aguçar os meus instintos, pois durante a leitura existe bastante descrições das manobras que as artistas executavam.
A vida no circo não é fácil, os treinos para as apresentações são muito puxados, e muitas vezes é um trabalho sem reconhecimento, o pobre do palhaço alegra a todos, mas as vezes ele é a pessoa mais triste do circo, e apesar do Peter ter o amor de Astrid ele guarda consigo um segredo que é revelado, fiquei apaixonada por Peter e pude imaginar ele um homem fantástico e muito corajoso.
Muitas apresentações aconteceram, alguns tiveram que partir, e um novo personagem aparece na história para deixar o coração de Noa (e o meu também) completamente apaixonado.
Impossível não chorar, ainda mais porque eu estava lendo os últimos capítulos na véspera do meu casamento, cheguei ao final e pude perceber como mudei o meu ponto de vista em relação ao circo, e aquele problema que eu tinha que mencionei nos primeiros parágrafos eu creio que não tenho mais, cheguei a cogitar um ida no circo ainda nesse ano, para poder contemplar de perto o trabalho das trapezistas e de todos os artistas.
O preconceito é algo que vive dentro da gente, por falta de informação, ou por outros motivos, eu não tinha preconceito, mas eu era bem resistente quando o assunto era palhaço e circo, percebe-se que o livro consegue transformar uma pessoa, e sem dúvidas o menino e o vagão, não só me fez chorar, como me provou que a cultura circense é rica em história e cultura.

2 comentários:

  1. nossa, parece ser mesmo super emocionante esse livro, adorei ter essa sua indicação por aqui

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